A suspeita da polícia é que o político recebia propina para que os estabelecimentos ficassem irregulares e nenhum outro atuasse em Rio Negrinho.
Uma operação da Polícia Civil de Rio Negrinho, no Norte catarinense, deflagrada na quinta-feira (5), investiga a relação de duas funerárias da cidade com um vereador do município. A suspeita da polícia é que o político recebia propina para que os estabelecimentos ficassem irregulares e nenhum outro atuasse em Rio Negrinho. Ninguém foi preso até a sexta-feira (6).
Além da formação de cartel, corrupção ativa e passiva, há a suspeita de crime ambiental, já que testemunhas denunciaram que as funerárias fariam o escoamento do sangue e fluido dos corpos na rede de esgoto convencional, o que é irregular.
Ainda na quinta, por volta das 14h, a polícia cumpriu quatro mandados de busca e apreensão nas duas funerárias da cidade, além da casa e do gabinete do vereador Cleomar José Nicoleti (PMDB), vice-presidente da Câmara do município. Foram apreendidos documentos e o computador do gabinete do vereador, além de material das funerárias.
Conforme o delegado Gustavo Muniz, responsável pela investigação, além dos mandados, foram solicitados à Justiça os pedidos de prisão preventiva do vereador e do dono do grupo responsável pelas funerárias. A Justiça negou a solicitação, mas autorizou a continuidade das investigações.
Até a tarde da sexta-feira (6), o delegado não havia ouvido o vereador nem os empresários investigados. O presidente da Câmara de Vereadores de Rio Negrinho, Artemio Correa (PMDB), informou que a Casa vai aguardar a próxima sessão, na segunda-feira (9), para ouvir o vereador Nicoleti antes de tomar uma decisão sobre a investigação.
O G1 entrou em contato com as funerárias Rio Negrinho e Nossa Senhora de Fátima, mas não obteve retorno até a tarde da sexta-feira (6). Segundo o delegado, há uma terceira funerária se instalando na cidade, mas ainda não está em funcionamento e não é alvo de investigações.
Funerárias do mesmo dono
Conforme o delegado Gustavo Muniz, responsável pela investigação, as duas funerárias, suspeitas de formação de cartel, pertencem a um único grupo que administra empresas que prestam serviços fúnebres e planos de saúde em Santa Catarina e em Curitiba, no Paraná. Uma das funerárias de Rio Negrinho está em nome do grupo de sócios, e a outra em nome de um laranja.
“Uma das testemunhas afirmou que a pessoa em nome de quem está a funerária é um mendigo de Curitiba. Suspeitamos que haja outros envolvidos nos crimes, a quem estudamos dar a possibilidade de delação premiada”, disse Muniz.
O diretor da rede é investigado. “São as únicas funerárias da cidade, então elas cobram da população o valor que bem entendem, pois não tem concorrência. Além de não precisarem regularizar o espaço através do pagamento de propina ao vereador”, completa o delegado.
Crime ambiental
A Vigilância Sanitária do município foi acionada para participar da operação. Ex-funcionários das unidades denunciaram o despejo irregular de restos mortais na rede de esgoto.
Segundo o delegado, pelo menos dois funcionários presentes no local quando foi feita inspeção afirmaram que o procedimento de sucção era feito por uma empresa terceirizada.
“Interditamos as unidades apenas parcialmente, porque havia a denúncia e o aparelho para esse procedimento não estava lá. Agora vamos averiguar com essa empresa se eles realmente faziam o serviço”, explicou o delegado.
Conforme a polícia, o inquérito está à disposição dos suspeitos na delegacia da cidade. Eles devem ser ouvidos na próxima semana. A conclusão do inquérito deve ser feita em até 30 dias, informou o delegado.
Fonte: G1