saudadeForam cumpridos  21 mandados de busca e apreensão na casa dos investigados, na sede da prefeitura e na Câmara de Vereadores, além de oito mandados de condução coercitiva de eleitores possivelmente beneficiados com o esquema criminoso.


Mauro Cenci, reeleito, teria comprado votos para conseguir vencer as eleições em Saudade do Iguaçu.

Mauro Cenci, reeleito, teria comprado votos para conseguir vencer as eleições em Saudade do Iguaçu.

O Ministério Público Eleitoral (MPE), por meio da Procuradoria Regional Eleitoral no Paraná (PRE/PR), com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público Estadual (MP-PR), deflagrou na manhã desta terça-feira, 8 de novembro, a Operação Amianto que investiga o crime de compra de votos (art. 299 do Código Eleitoral) e associação criminosa (art. 288 do Código Penal) no município de Saudade do Iguaçu, localizado no Sudoeste do Paraná. O nome da operação deriva da matéria-prima utilizada na produção de telhas que eram oferecidas aos eleitores como um dos benefícios pela compra de votos.

Estão sendo cumpridos 21 mandados de busca e apreensão na casa dos investigados, na sede da prefeitura e na Câmara de Vereadores de Saudade do Iguaçu, além de oito mandados de condução coercitiva de eleitores possivelmente beneficiados com o esquema criminoso. Há, ainda, 11 pedidos de prisão pendentes de apreciação pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/PR).

São alvos da operação o prefeito reeleito de Saudade do Iguaçu, Mauro César Cenci, a secretária de Assistência Social do Município, Salete Rizzatti Trento, o diretor de Urbanismo, Jucilmar Marangon, os vereadores Sueli Civa Bochio (Neca), Setembrino Nath (Bino), Josemar Antonio Cemin, Eguinaldo Paulo Piaia e Neidelar Vicente Bocalon (Nei), os ex-candidatos ao cargo de vereador Idiomas da Silva Perico (Edi Perico) e João Rodolfo da Costa, e os servidores municipais Fabiane Gricoletto Martimianos (Fabi) e Idacir José Bochio. Os eleitores beneficiados que ainda estão sendo identificados também serão investigados pelo crime de corrupção eleitoral ativa.

Os trabalhos de apuração apontam que os investigados se utilizavam de programas sociais instituídos no município para obter votos para o prefeito reeleito e vereadores (entre eleitos e não eleitos). A conduta criminosa consistia no oferecimento e promessa de benefícios assistenciais para quem votasse nos candidatos.

Após a eleição alguns dos investigados, em represália aos que não votaram no grupo político, cortaram benefícios assistenciais como cestas básicas. Por meio das interceptações telefônicas verificou-se ainda que, entre os benefícios oferecidos e distribuídos, estavam entregas de materiais de construção, como telhas e cimento. Além disso, reformas nas casas de eleitores do município, especialmente nos bairros Harmonia, Nova Vida e Loteamento Mendes, além da comunidade de Linha Urutu, eram realizadas em troca de votos ao candidato a prefeito e aos vereadores nas eleições municipais deste ano.

“O que se vê atualmente nada mais é do que um coronelismo vigente em pleno século XXI. Foi modernizado, aparelhado por novos expedientes escusos, mas mantendo a sua essência de abuso de poder, subjugação da liberdade de voto e maculação da lisura do pleito, bem como o mesmo nefasto resultado: o esfacelamento da ética na politica e, consequentemente, a erosão da própria democracia”, afirma o procurador Regional Eleitoral, Alessandro José Fernandes de Oliveira.

De acordo com o procurador, estão sendo apurados os crimes de associação criminosa (art. 288 do Código Penal) e corrupção eleitoral. Previsto no artigo 299 do Código Eleitoral, a corrupção eleitoral ou compra de votos consiste em “dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”. Segundo ele, “não estão sendo apurados ainda a conduta de caixa dois, pois infelizmente não há um crime específico na legislação eleitoral”, ressaltou o procurador.

Ação do GAECO – O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, cumpriu mandados expedidos pelo Tribunal Regional Eleitoral de Curitiba. Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e oito mandados de condução coercitiva em Saudade do Iguaçu, no Sudoeste paranaense.

As medidas solicitadas pelo Ministério Público Eleitoral tiveram origem em investigações realizadas pelo núcleo do Gaeco em Francisco Beltrão, durante as quais os investigadores se depararam com indícios de compra de votos por parte de políticos, principalmente em troca de material de construção e reforma de casas. O Gaeco remeteu as informações para o Ministério Público Eleitoral, que pleiteou as medidas deferidas pelo TRE do Paraná. Estão sendo apurados também possíveis desvios de dinheiro público para a compra de votos.

Fonte: Procuradoria da República no Estado do Paraná e MPPR

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